O meu pior e mais triste momento na Nova Zelândia...

Tenho escrito menos nestas últimas semanas porque não sinto uma motivação especial.

Uns fins-de-semana tem sido muito agitados numa maneira de tentar desviar o pensamento da tristeza. Há uns tempos um amigo, escritor, comentava acerca de se escrever em momentos de luto (e, acrescento eu, de tristeza) e acho que cada um vive a sua realidade à sua maneira.
Por norma gosto de partilhar as alegrias (para fazer sorrir as pessoas à minha volta) e evito falar das tristeza. É uma maneira de se tentar viver... com um sorriso e a fazer sorrir.

Hoje estou a escrever sobre tristezas porque escrever pode ajudar, nem que seja um pouco, alguém.

Há dois anos atrás, quando chegamos à Nova Zelândia e não conhecíamos ninguém uma das pessoas que mais nos ajudou foi um colega do trabalho, o Steven. Ele é uma daquelas pessoas que não pensa duas vezes em ajudar os outros a todos os níveis.

No trabalho, um génio, com um conhecimento completamente acima da média. É sem dúvida a melhor pessoa tecnicamente com trabalhei, e daqueles que ajudava todos sem problema, nem que para isso ficasse mais horas. Além disso vive o seu trabalho, o facto de ajudar e ter novas ideias com paixão. Como tive de trabalhar directamente em alguns projectos tive de lhe fazer avaliações e o que comentava na altura é que não lhe conseguia apontar pontos negativos (campo que era preciso preencher).
A nível pessoal acabou por se tornar mais que um colega e tornou-se um amigo. Ainda hoje o talho que vamos foi por recomendação dele, o número de almoços que fizemos juntos durante o trabalho não tem conta e foi o primeiro Kiwi que nos convidou para jantar em casa dele. Este blog tem ainda um significado especial com ele pois ele ia sempre ao Google traduzir o que eu escrevia (às vezes com resultados hilariantes).

Ou seja, é uma daquelas pessoas FANTÁSTICAS...

Há poucas semanas foi diagnosticado ao Steven um tumor no cérebro e em poucos dias perdeu a mobilidade e fala. O corpo não reagiu bem à quimioterapia e agora os médicos dão-lhe apenas alguns dias de vida.

O Steven tem 28 anos e sendo uma pessoa, que eu sei por experiência, fantástica já tornava esta história numa daquelas que nos faz pensar na nossa própria existência mas infelizmente há sempre mais. O Steven e a Nicola (a sua mulher), estão à espera do seu primeiro filho em Maio do próximo ano, ou seja, o Steven nunca vai ter oportunidade de o conhecer.

Normalmente não partilho estas histórias porque não conheço as pessoas e não conheço a sua realidade mas neste caso não consigo sequer transmitir a injustiça deste momento e assim partilho uma página de apoio, mediada pela que a minha (nossa) empresa, para conseguir juntar fundos para ajudar a família e futura família neste momento. Tudo que eu possa dar parece-me sempre pouco por tudo que ele fez por isso partilho com todos (mesmo que distantes em Portugal, no Brasil, ou em qualquer lugar) que estejam a ler isto possam ajudar... nem que seja com um pouco...

Give a little...

http://bit.ly/1CqXEzZ

Comecei este post por dizer que é o meu momentos mais triste na Nova Zelândia mas é também um dos mais tristes de toda a minha vida. Sei que a vida é assim, mas aquela pessoa fantástica que tinha ali todos os dias no trabalho já não vai aparecer mais lá e não era a hora dele...
Uma das frases que tenho sempre comigo "Carpe diem quam minimum credula postero", ou seja, aproveitem o dia, não se acreditem em amanhãs... infelizmente às vezes é mesmo assim...

p.s.: vou tentar voltar às histórias mais felizes no futuro mas não podia ficar indiferente e não tentar ajudar um pouco... nem que seja só uma pessoa mais a ajudar...

Comentários

  1. Lamento. Gosto de vir aqui em silêncio, mas hoje não podia passar sem deixar uma palavra. Eu gosto bastante do que escreve sobre a Nova Zelândia, pois é um país que amo e através do seu blogue consigo ficar a conhecer um pouco mais que seja.
    Agora fiquei de coração apertado e nem sei bem o que dizer porque acho que nada consola o sofrimento, o choque, a frustração da situação. Vou rezar por ele, pedir a Deus que o ajude e que conforte a família e os amigos.
    É nestas situações que eu coloco tudo em questão, e me pergunto porquê, para quê... lamento mais uma vez.

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